Trabalhos expostos integram a etapa distrital do 14º Circuito de Ciências da rede pública de ensino
Por João Pedro Eliseu, Ascom/SEEDF
Estudantes da rede pública apresentam projetos científicos durante a 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Esplanada dos Ministérios | Foto: Felipe de Noronha, Ascom/SEEDF.
Estimular o pensamento científico na escola é transformar a curiosidade natural dos estudantes em conhecimento aplicado, investindo na formação de protagonistas capazes de atuar de forma crítica e propor soluções inovadoras para os desafios do presente e do futuro. Entendendo a importância de promover a ciência no ambiente escolar, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF) realiza anualmente o Circuito de Ciências. Este ano, os projetos de destaque da etapa distrital, oriundos das 14 Coordenações Regionais de Ensino, estão sendo apresentados ao público na 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT).
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A exposição ocorre no canteiro central da Esplanada dos Ministérios, entre os dias 21 e 26 de outubro, sendo que a exibição dos trabalhos da rede pública de ensino vai até sexta-feira (24). Com a temática “Água para quê?”, o circuito propõe uma reflexão sobre a importância vital dos recursos hídricos para a vida no planeta, a regulação do clima e o desenvolvimento das comunidades. O objetivo é mobilizar a curiosidade dos estudantes da rede pública para a busca de soluções para problemáticas de relevância local e global.
A Escola Classe (EC) 303 de Samambaia, por exemplo, desenvolveu o projeto “Detetives do Clima”. A iniciativa partiu da observação dos próprios alunos do 4º ano do ensino fundamental sobre a diferença de temperatura entre a sala de aula e as áreas verdes da escola. “Costumo levá-los para um espaço com muito verde, e eles sempre comentam: ‘Tia, podemos ficar aqui mais tempo? Aqui é tão fresquinho‘”, contou a professora da turma, Izabelly S. Sant’Ana.
A partir dessa curiosidade, a turma iniciou uma investigação científica. “Peguei um termômetro emprestado na cozinha e perguntei: ‘O que será que está acontecendo?’. Comparamos uma sala sem nada em volta, uma com uma planta ao lado e outra próxima a uma área verde, e partimos daí para explicar conceitos como umidade e clima”, detalhou a docente.

O projeto “Detetives do clima” une a aprendizagem científica e pedagógica às discussões atuais sobre meio ambiente, trazendo a perspectiva climática para o tema do ano “Água para quê?” | Foto: Felipe de Noronha, Ascom/SEEDF.
Segundo Izabelly, o projeto integrou múltiplas disciplinas. “Não damos uma resposta pronta. Incentivamos que os alunos fossem percebendo a diferença. Integramos conhecimentos de matemática, com a construção de gráficos; geografia, com a noção espacial e a posição do sol; e cidadania, que foi a culminância com a escrita de uma carta para a diretora, apresentando possíveis soluções”, explicou.
Emanuelly Pereira, de dez anos, demonstrou o conhecimento adquirido: “Com a agrofloresta da escola, percebemos que a água é muito importante, porque sem água não tem planta, e sem planta não tem como a gente viver.”
A água como ferramenta para o aprendizado

Além de expor no próprio estande, os estudantes tiveram a oportunidade de explorar a feira como um todo, possibilitando o contato com exposições interativas de diversas temáticas, como de paleontologia e tecnologia naval | Foto: Felipe de Noronha, Ascom/SEEDF.
A Escola Classe (EC) 314 Sul também marcou presença, demonstrando como a água pode ser uma ferramenta versátil para o aprendizado científico. O projeto da escola transformou o estande em um pequeno laboratório, onde os alunos-cientistas utilizavam a água como ponto de partida para explorar diferentes fenômenos físicos e químicos.
O trabalho foi dividido em três experimentos principais: análise de condução elétrica na água, verificação de pureza e medição de pH. Os próprios estudantes revezavam-se para realizar as demonstrações ao vivo para os visitantes, explicando com clareza os conceitos científicos por trás de cada reação.
Uma das cientistas, Beatriz Meneguessi, de 11 anos, explicava com propriedade o teste de pH, que utiliza um indicador para verificar a potabilidade da água. “O experimento mostra a mudança de cor. Se a água ficar roxa com o indicador, quer dizer que o pH está bom e ela pode ser bebida“, demonstrou a aluna, aplicando o método científico na prática para o público.
Construindo o futuro com mentes críticas
Projetos como os da EC 303 Samambaia e da EC 314 Sul provam que a ciência começa na observação do cotidiano, e que investir nessa curiosidade é preparar os estudantes para serem protagonistas, capazes de analisar, questionar e propor soluções inovadoras para os desafios da sociedade.
A participação das escolas no Circuito de Ciências e na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia reforça o compromisso da SEEDF com a formação integral. Ao incentivar a iniciação científica desde os anos iniciais, a rede pública de ensino não apenas expõe trabalhos, mas cultiva mentes curiosas e com pensamento crítico, essenciais para o futuro.