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Falando Delas Com Eles: roda de conversa busca conscientizar jovens sobre violência contra a mulher

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Falando Delas Com Eles: roda de conversa busca conscientizar jovens sobre violência contra a mulher

No âmbito da 2ª Semana de Combate ao Feminicídio, a Procuradoria Especial da Mulher da Câmara Legislativa do Distrito Federal promoveu, nesta terça-feira (12), a roda de conversa “Falando Delas Com Eles”. A iniciativa, liderada pela deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania), 2ª vice-presidente da CLDF e procuradora Especial da Mulher, reuniu estudantes do 3º ano do Centro de Ensino Médio nº 01 de São Sebastião, o “Centrão”, para discutir temas como feminicídio, violência doméstica, abuso psicológico e violência digital.

Com a proposta de sensibilizar principalmente os jovens do sexo masculino, o evento trouxe depoimentos fortes de especialistas da segurança pública, psicologia e projetos sociais, que reforçaram a urgência de uma cultura de respeito, empatia e prevenção à violência de gênero. “Essa é uma oportunidade para nós conhecermos a boa convivência. Nosso objetivo como procuradora é defender a liberdade de sonhar e realizar. Nós, meninas, necessitamos de respeito”, afirmou a deputada Paula Belmonte ao abrir o encontro. Ela ainda reforçou a importância da denúncia: “A gente tem que meter a colher mesmo e denunciar”.
 

Foto: Luis Tajes/Gab. Paula Belmonte

 

Relatos que despertam

A policial civil Fernanda Glaucia de Moura Mello, lotada na Delegacia da Mulher, compartilhou experiências profissionais e pessoais. Ela contou que identificava sinais de um relacionamento abusivo ainda na infância, mas não sabia nomear aquilo. “Existia uma desproporção do que é ser homem e o que é ser mulher dentro de casa. A polícia me proporcionou ver a gravidade dessa violência”, destacou.

A agente de polícia também apresentou alguns dados. Em 2024, o Distrito Federal registrou 23 feminicídios e 104 tentativas. “São mulheres que só não morreram porque Deus não quis”, afirmou. Para ela, é preciso “mudar a realidade”.

Violência na mídia

Por muitas vezes, os casos trágicos repercutem na imprensa. A repórter de Cidades do jornal Correio Braziliense Darcianne Diogo chamou a atenção para a cobertura responsável de crimes contra a mulher, apontando que o jornalismo tem “o papel de ajudar às famílias”.

A jornalista destacou que, somente este ano, foram 17 ocorrências, sendo que 12 delas foram confirmadas como feminicídio. O caso mais marcante para Darcianne foi o de Géssica Moreira de Sousa, moradora da zona rural de Planaltina. A jovem tinha 17 anos quando foi assassinada e estava grávida do terceiro filho. A comunicadora destacou a situação de vulnerabilidade em que vivia Géssica e a comoção passageira quando o caso acontece na periferia.
 

A repórter do Correio Braziliense Darcianne Diogo destaca a importância de se realizar coberturas responsáveis dos crimes contra a mulher (Foto: Rinaldo Morelli/CLDF)

“Quando uma mulher morre no Plano Piloto, Brasília para por quase um ano, mas quando acontece em lugares mais pobres, a gente noticia por dois dias”, lamenta. Darcianne trouxe dados da Secretaria de Segurança Pública do DF apontando que a maior parte das ocorrências são registradas em regiões como Planaltina, Fercal e Estrutural. São localidades em que a própria vítima tem dificuldades de procurar ajuda. “Em que momento ela vai sair da Rajadinha e vai numa delegacia para registrar ocorrência?”, questiona.

Quando são noticiados, a voz passiva se sobressai à própria responsabilização do homicida. É o que aponta a professora de linguística Cíntia da Silva Pacheco. A educadora acredita que a linguagem tem um objetivo: apagar a responsabilidade do homem.

Manchetes como “mulher é morta por alguém” podem esconder a verdadeira face do feminicídio e pode trazer dúvidas sobre o verdadeiro impacto da violência contra a mulher. Cintia lembrou que a linguagem tem poder transformador. “A linguagem não só representa a sociedade onde a gente está, mas pode transformar”, opina a docente.

O perigo digital e a violência silenciosa

A delegada Fabíola Bruginario Chellotti, da Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos, alertou os estudantes sobre a violência digital, ressaltando que ela pode ter impactos tão sérios quanto a física.
 

Professora Cínia Pacheco (esquerda) e a delegada Fabíola Chelotti

“A violência digital traz tantas consequências quanto a violência real”, afirmou. Ela também lembrou que a violência não está mais só nas ruas:

“A violência está na sua casa. A pessoa não foi para a rua, mas sofreu um golpe e perdeu R$ 1 mil. Tudo na internet deixa vestígios.” E finalizou com um recado essencial: “A educação salva vidas.”

A escalada da violência

A 2ª tenente Samara Dantas Nunes destacou o caráter progressivo da violência contra a mulher. “O agressor nunca começa agredindo uma mulher. Ele começa sendo um cavalheiro. São pequenas coisas.”

Ela enfatizou o papel da Lei Maria da Penha como mecanismo de proteção e igualdade: “A mulher precisa ser protegida de forma diferenciada.”E lembrou que o crime de feminicídio “vai muito além da vítima”.

Homens como aliados

O fundador do projeto “Elas no Tatame – Mulheres em Ação”, Francisco Mesquita Júnior, fez um apelo direto aos jovens presentes:

“Vocês, meninos, sejam exemplo. As mulheres estão sendo violentadas, agredidas, morrendo, graças a homens de má índole. Eu pergunto: vocês querem ser esse homem?”
 

Foto: Luis Tajes/CLDF

Sua fala destacou a importância da postura e do respeito: “A nossa defesa pessoal começa na nossa maneira de se portar. Se seu namorado te xingou, isso já é uma forma de violência.”

Por trás da violência, o afeto

A psicóloga Mariana Rego propôs uma reflexão profunda sobre os laços emocionais que muitas vezes prendem mulheres em relações abusivas. “Elas não vão embora porque têm medo de morrer. E antes da violência tem afeto”, argumenta. Ela reforçou a importância do respeito como base das relações: “Eu preciso, antes do amor, do respeito.”

A roda de conversa “Falando Delas Com Eles” reforçou a importância de envolver os jovens, especialmente os homens, na luta contra a violência de gênero. A presença de especialistas e a fala direta com os alunos ajudaram a construir um espaço de escuta, conscientização e mobilização.

“Daqui há alguns dias, que vocês estejam em um lugar de poder”, finalizou Paula Belmonte, apontando para o protagonismo que os jovens podem e devem assumir na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

 

* Com informações da assessoria de imprensa da deputada Paula Belmonte 



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