Alunos da Escola Parque 303/304 Norte aprendem práticas paradesportivas com foco em acessibilidade
Por Thays de Oliveira, Ascom/SEEDF
Iniciativa apresenta aos estudantes vivências reais sobre os desafios da acessibilidade e a importância da inclusão por meio do esporte | Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF.
A Escola Parque 303/304 Norte promoveu, na última semana, o projeto “Diversidade na Educação Física: vivenciando as dificuldades das pessoas com deficiência e sua inclusão nas práticas esportivas“. A ação celebrou o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, comemorado no domingo (21), e busca transformar o olhar dos estudantes sobre acessibilidade e inclusão.
O projeto é conduzido pela professora e Especialista em Psicomotricidade Relacional, Luciane Vaneli. A docente explica que as ações envolvem os alunos com e sem deficiência em atividades que vão além do esporte tradicional. Eles participam de situações que simulam a rotina de pessoas com deficiência física, auditiva e visual, promovendo empatia e respeito dentro e fora da sala de aula.

Estudantes Bento Conti (esquerda) e Davi Lopes (direita) participaram das atividades | Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF.
“Se eu encontrar uma pessoa com deficiência visual, vou primeiro perguntar se ela precisa de ajuda. E, se ela disser que precisa, eu ajudo.” A fala é de Bento Conti, de 11 anos, que participou de uma atividade vendado com os colegas da sala.
Já Davi Lopes, 10, participou do futebol de cinco pessoas e falou sobre a experiência de guiar-se pelo som da bola, ressaltando a importância da cooperação e da gentileza na partida. “No futebol com venda, a gente se guia pelo barulho da bola e precisa se ajudar o tempo todo. É uma experiência que mostra como uma pessoa com deficiência visual sente no dia a dia.”
Luciane Vaneli explica que a iniciativa tem como objetivo mostrar que aatividade física pode e deve ser acessível a todos. “É fundamental que todos participem de forma colaborativa, aprendendo uns com os outros, o que promove o desenvolvimento social e emocional”, destacou a docente.
Combate à invisibilização
Este ano, as atividades ganharam caráter interdisciplinar, envolvendo as áreas de Educação Física, Artes, Teatro e Musicalização. Antes das práticas, os estudantes tiveram aulas teóricas sobre inclusão, artistas com deficiência e combate ao capacitismo, aprendendo que respeitar a autonomia e oferecer ajuda apenas quando solicitada são atitudes fundamentais.
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Nas aulas de musicalização, os alunos foram convidados a explorar os sentidos além da visão, audição e tato ao tocar instrumentos. “Quando apresentamos artistas com deficiência visual, como Hermeto Pascoal, muitos ficaram impressionados porque não o conheciam. Isso combate a invisibilização e desperta empatia, que só se desenvolve com a experiência real”, explicou o professor Felipe Sobral.
Gentileza gera gentileza

A aluna Isabella Vasconcelos (direita) refletiu que a gentileza entre as amigas tornou a atividade mais fácil | Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF.
Na parte prática, cerca de 50 alunos por turma, do 1º ao 5º ano (ensino fundamental), participaram de modalidades como futebol de cinco, vôlei sentado e uma pista de obstáculos acessível. As atividades mostraram, na prática, as dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência e a importância da cooperação.
Felipe Sobral ressalta a relevância do desenvolvimento da empatia em relação ao próximo durante a segunda infância. “No início, muitas crianças do projeto sentem medo por estarem temporariamente sem um dos sentidos ou numa situação de mobilidade reduzida, mas com o apoio dos demais colegas adquirem mais confiança em participar”, contou o professor.
A estudante Isabella Vasconcelos, 11 anos, participou do circuito usando cadeira de rodas e guiando colegas vendados. “Foi difícil passar pelas cordas e bambolês. As pessoas que usam cadeira de rodas enfrentam buracos e rampas ruins todos os dias. Coloquei-me no lugar delas e percebi como o apoio faz diferença”, contou.
A Diversidade na Educação Física também aborda o combate ao capacitismo nas falas e atitudes dos estudantes, promovendo o respeito às pessoas com deficiência. Os alunos aprendem também sobre a importância de não ocupar espaços destinados às pessoas com mobilidade reduzida, como vagas e assentos preferenciais.

No vôlei sentado, alunos exercitam habilidades corporais, sem o uso da mobilidade física | Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF.